Tradução por Marcelo Alves / Revisão de Rodrigo Martin
EL BORAK é um personagem criado por Robert E. Howard, segundo dizem os especialistas, quando Howard tinha 12 anos de idade, e publicado posteriormente durante a década dos anos de 1930 em várias revistas pulps norte-americanas. No Brasil não existe nem uma publicação das aventuras desse personagem, seja em livro, revista ou fanzine contendo os contos de El Borak, salvo duas histórias dele postadas no site Crônicas da Ciméria. E, por causa dessa lacuna de contos deste e de outros personagens howardianos, iremos postar aqui os primeiros trechos dos capítulos de várias histórias inéditas escritas por Robert E. Howard, e posteriormente o conto completo será disponibilizado aqui mesmo neste Blog.
ESTE RELATO ME CONTARAM EM DELHI. O narrador era um cavaleiro nortenho de olhar de falcão, um afridi, um tal de Khoda Khan.
— Sahib, não é estranho para você que os britânicos dominem a Índia quando do outro lado da sua fronteira, vivem homens como eu?
— Veja, por exemplo, você e eu. Eu poderia te matar com uma mão.
— O que seria de você se você se encontrasse sozinho nas montanhas?
— E apesar de tudo, sua raça domina o mundo.
— Não, não se trata de força física; isso não é decisivo nas querelas entre nações. É sobre outra coisa. Algo difícil de definir, que o Ocidente tem e o Oriente não.
— Unidade? Sim, mas não é só isso.
— Considere, por exemplo, a história do mulá Hassan e da memsahib Marion Sommerland.
— A história?
—Certamente, sahib.
“Entre a miríade de montanhas que se estendem pela fronteira, a muitos quilômetros do território controlado pelos britânicos, há uma aldeia em um vale. Esse vale é Kadar, e a aldeia chama-se Kadar. Essa é minha terra, sahib, e, dentre todas as tribos afegãs, é uma das mais fortes”.
“Qual é a lei para nós? O que nos importa a lei dos britânicos ou a do emir? Roubamos caravanas e saqueamos na Índia, arrebatando as esposas dos hindus e de muitas outras tribos, antes da chegada de El Borak. Nossa única lei eram as palavras do mulá Hassan e do chefe Khumail Khan, que era um poderoso espadachim”.
”De maneira que, sendo eu ainda muito jovem, mal atingindo a puberdade, aconteceu que, junto com outros jovens da aldeia, cavalguei até a fronteira na esperança de arrebatar alguns rifles dos ingleses. Lá estava eu. E comigo veio Yar Ali Khan —que era o melhor espadachim da tribo, e Kulam Khan, Abdullah Din, Mohammed Ali, e Yar Hyder, que era o mais velho dos quatro, embora Abdullah Din tivesse quase a mesma idade. Yar Ali Khan, Mohammed Ali e eu, por outro lado, éramos muito jovens”.
“Estávamos espreitando no meio do território britânico quando avistamos uma jovem memsahib inglesa, cavalgando sozinha. O que pode levar uma mulher a galopar sozinha pelas montanhas é algo que não sei, mas todos sabem que as mulheres inglesas são excêntricas e imprudentes”.
— Entãaao... —Yar Hyder parou—. Veja. Essa mulher poderia nos trazer um bom resgate, pois já a vi antes, em Peshawar, e sei que ela é filha do coronel sahib Sommerland.
“Nos escondemos e armamos uma emboscada; e quando ela passou por nós, saltamos sobre ela. Yar Ali, Abdullah Din e Yar Hyder seguraram seu cavalo. Decidi agarrar a garota pela cintura e puxá-la para fora da sela”.
“Depois de um tempo, conseguimos amarrá-la e amordaçá-la, e então a colocamos de volta em seu cavalo, amarrando seus pés aos estribos. Em seguida, partimos para as montanhas”.
CONTINUA...
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