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Raças e Culturas da Era Hiboriana - PARTE I | Hiborianos

Uma série que vai abordar os principais elementos que compõe as raças criadas por REH para povoar as histórias de Conan.


por Marco A. Collares

Parte I

Segundo Robert Ervin Howard, existem algumas raças muito características na Era Hiboriana. Os hiborianos, por exemplo, descendentes do guerreiro Bori formam a raça mais numerosa e aquela que dá nome a essa era histórica. Eles são normalmente homens brancos, com cabelos e olhos claros, muitas vezes cinzentos e se espalharam pelo continente após migrações vindas do norte continental, criando diferentes reinos, impérios, cidades e culturas civilizadas nos ermos do oeste.


Sim, tratam-se dos povos civilizados mais comuns do período, incluindo culturas do porte dos aquilônios, dos coríntios, dos ophirianos, dos nemédios, dos argorianos, dos khotianos, dos britunianos, dos hiperbóreos e dos hiborianos do Reino da Fronteira.


Outras raças, diferem entre si, sendo as mais conhecidas a dos estígios, que descendem de uma raça antiga vinda do oriente continental, mais os cimérios, que seguem a origem dos antigos atlantes, mais os pictos, que vieram de ilhas do oeste do oceano e descendem dos antigos pictos, outrora majestosos e um dos grupos mais evoluídos de todos até o grande cataclisma, evento esse que deu origem a Era Hiboriana.


Além disso, observa-se os descendentes dos lemurianos que vivem a leste e podem ser naturais do Império Khitai ou mesmo os ancestrais da raça nômade dos hirkanianos, bem como dos turanianos. Os shemitas também, que descendem da raça dos Filhos de Shem, mais os zamorianos, cultura do centro continental entre oriente e ocidente e que descende da raça de antigos pastores, chamada simplesmente de Zhemris.

Ao mesmo tempo, cada raça aqui esboçada pode ter uma ou mais culturas específicas, cada qual com características e formas de condutas e comportamentos variados. Vejamos então, a partir de agora, as principais raças da Era Hiboriana, iniciando pela raça dos hiborianos e suas muitas culturas.

Arte de Nordheimer.

HIBORIANOS


Os hiborianos configuram a raça hegemônica da época que tem o seu nome. Inicialmente bárbaros, são homens brancos, com tonalidades de cabelos e olhos claros ou mesmo acinzentados e castanhos claros, equivalentes ao tronco-linguístico dos Indo-Europeus e suas marchas pelo continente Europeu em nossa própria Era Histórica.


Tais homens vieram da parte norte do antigo continente Thuriano (como era chamado o continente central antes do cataclisma), destruindo tudo em seu caminho a ferro e fogo. Orgulhosos senhores da guerra e das pilhagens, os hiborianos destruíram o antigo Reino de Acheron, de magos poderosos da chamada Raça Antiga, empurrando os estígios da região de Shem para o sul do rio Styx, onde encontra-se restrito o reino desse povo.


Os hiborianos são perspicazes, inventivos e sagazes e possuem a adaptabilidade a ambientes diversos como traço racial mais característico. Eles se adaptam bem a diferentes situações e fazem uso de cavalos de guerra ou carga, de animais de tração e de arado, de armaduras e armas de ferro e até de aço para conquistar e consolidar seus diversos reinos e nações no oeste continental.


Uma característica muito específica dessa raça é que suas sociedades são nobiliárias, governadas por algum rei, ao lado de uma casta de nobres, burocratas e guerreiros, sendo que o sangue expressa a ancestralidade de seus heróis fundadores e de seus primeiros conquistadores. Seu nome deriva de um antigo senhor da guerra chamado Bori ou Hibori, que teria sido convertido a alguma divindade após uma vida de conquistas e batalhas.


Após anos de vagas ininterruptas pelo ocidente continental, os hiborianos tornaram-se senhores desta parte do antigo Continente Thuriano. Onde outrora havia um grande reino de magos e feiticeiros poderosos, eles criaram vários reinos menores específicos de senhores nobres e guerreiros, dando nome a época onde viveu Conan.

Quando criaram seus reinos e suas mais diferentes culturas, eles foram se sedentarizando e se afastando de sua barbárie original, tornando-se totalmente civilizados, um traço marcante de sua étnico-cultura e das personalidades de seus membros, com tudo de bom ou ruim que isso acarretou e ainda acarreta em suas sociedades e regimes políticos.


Um traço muito específico desta raça, é que os hiborianos possuem um sistema cultural baseado em estruturas políticas muito variadas, mas que são eminentemente civilizadas, possuindo muitos reinos independentes na maior parte do oeste do continente hiboriano. São eles: Aquilônia, Nemédia, Ophir, Koth, Corínthia, Argos, Britúnia (apesar do hibridismo racial desse grupo), Hiperbórea e o Reino da Fronteira. Vejamos agora duas culturas específicas dessa raça:


AQUILONIANOS


Um cruzamento entre o Império Romano do Mundo Antigo e o Império Carolíngio do Medievo. O nome é emprestado de Agnone, uma cidade localizada no Sul da Itália, entre a moderna Venosa e Benevento; é também um nome antigo de Quimper e assemelha-se ao da Aquitânia, uma região francesa governada pela Inglaterra durante uma longa parte da Idade Média. O nome é derivado do latim aquilo que significaria, "vento norte" (Texto extraído de “A Filosofia em Conan”, de Afrânio Tegão, baseado em trechos de Robert Howard).


A Aquilônia era o mais poderoso reino hiboriano. Suas fronteiras eram sempre bem vigiadas, pois tinham as terras do pictos ao Noroeste; a Ciméria, ao Norte; a Nemédia, ao Leste; Ophir, no Sudeste; Argos, no Sul; e Zíngara, no Sudoeste (Robert Howard – Extraído do Blog, As Crônicas da Ciméria).


São de origem hiboriana e formam o mais ocidental dos reinos do Continente Hiboriano, tendo como capital, a reluzente cidade de Tarantia (ou Tamar, segundo alguns contos de Howard). São equivalentes aos nossos europeus ocidentais: germânicos e mediterrâneos, sendo equivalentes fisicamente a franceses, alemães, em parte, nórdicos e italianos.

São altos, com altura média entre 1,70 ou mais, possuindo características físicas variadas de acordo com a região de origem dentro do reino. Normalmente possuem cabelos castanhos claros, olhos cinzentos, corpos esguios e crânios dolicocéfalos (alongados de cima para baixo, mais do que a largura).



Lanceiro gunderlandês (à esquerda) e arqueiro bossoniano (à direita).

Os gunderlandenses, que vivem ao norte do reino são mais claros na pele e nos cabelos e nem se consideram aquilônios propriamente ditos, mas hiborianos mais puros, rústicos e fortes, anexados por acordos com certos governantes do reino aquilônio (principalmente na época de Conan). Ao sul, fica a província de Poitain, e seus habitantes são mais atarracados, morenos e de olhos negros, da mesma forma que seus vizinhos “ciganos”, os zíngaros.


Os bossonianos ficam mais ao norte do reino e são mais esguios e ótimos arqueiros, possuindo coloração da pele e cabelos mais heterogêneos, apesar de possuírem cabelos um pouco mais escuros do que os gunderlandenses, mesmo com seu “germanismo”. O povo da região de Áttalus fica a sudeste e pode variar para cabelos e pele mais claros e são ótimos comerciantes, diferentemente dos gunderlandenses, que formam a Infantaria Pesada da Aquilônia ou o esquadrão de lanceiros, ficando os bossonianos como a Infantaria Ligeira de Arqueiros e os naturais de Pointain como a cavalaria pesada de elite na época de Conan.



Claro que o cerne do modo de vida da Aquilônia é a agricultura do povo, a caça nobiliária, a guerra de cavalaria da nobreza feudal, sendo os aquilônios e os nascidos em Pointain os melhores cavaleiros pesados de todos os reinos hiborianos, com as melhores armaduras existentes, normalmente de aço.


Arte: Chris Quilliams

O rei Numedides (ou mesmo Conan) é conhecido por sua mão forte, visto por muitos como um tirano, ainda que respeitado por dois motivos. De um lado, por seu expansionismo, principalmente sobre seus inimigos, os civilizados nemédios e sobre a parte norte, terra dos pictos e dos cimérios, onde existem entrepostos, fortes e colônias para além das fronteiras do Rio Negro e do Rio do Trovão. Também por ser da dinastia do Trono do Dragão (ou do Leão na época de Conan Amra, que verga a bandeira do leão).


Aliás, os Dragões Negros, o exército de elite do reino, comandado na época de Conan por Pallantides são conhecidos pela sua alta capacidade e experiência, talvez os melhores guerreiros do ocidente hiboriano, com armaduras e armas de aço (espada ou lança e escudo).


NEMÉDIOS


Um cruzamento entre Roma e Bizâncio. Nemédia é a rival de Aquilônia (que corresponde aos carolíngios), e dependia de mercenários Aesir para sua defesa (como o Império Bizantino contratou Vikings como Guarda Varangiana). O nome vem de Nemed, líder dos colonos da Cítia para a Irlanda na mitologia irlandesa; talvez o nome também pretenda aludir a Nemeia, lar do Leão de Nemeia da mitologia grega. O nome também pode sugerir vários nomes para a Alemanha em línguas eslavas, como Německo na Língua tcheca. Não é a toa, aliás, que a região se remeta ao Sacro-Império Romano-Germânico do Medievo, que corresponde aos territórios da Itália e Alemanha e que pretendia resgatar as glórias do passado (Parte do texto foi extraído da “Filosofia de Conan”, de Afrânio Tegão, baseado em citações e estudos sobre Robert Howard).


Sua capital, Belverus, foi antes, o local de uma fortaleza. A Nemédia está localizada exatamente no centro dos reinos hiborianos, fazendo fronteira com a Aquilônia, ao Oeste; o Reino da Fronteira, ao Norte; a Britúnia, ao Leste; e Corínthia e Ophir, ao Sul (Robert Howard – Extraído das Crônicas da Ciméria).


Trata-se de outro povo da raça hiboriana que veio do norte, tal como seus irmãos aquilônios e outros hiborianos e que conquistou grande parte do antigo Reino de Acheron, da Raça Antiga, que ocupava os atuais territórios da Nemédia, Britúnia, Coríntia e Ophir.


A capital do antigo Reino de Acheron, Python com suas torres púrpuras de antigos magos poderosos foi conquistada e destruída pelo avanço dos bárbaros hiborianos antes destes se civilizar, sendo os ancestrais dos nemédios aqueles que teriam liderado os ataques dos hiborianos ao reino místico, pelo menos segundo as Crônicas da Nemédia, que costumam primar pela veracidade histórica.

Possível aparência da capital da Nemédia, Belverus (arte de Shen Fei).

Há mais ou menos três mil anos atrás foi fundado o reino da Nemédia propriamente dito, tendo como capital Belverus, sendo formada a dinastia que ocupa o “Trono do Dragão” desde então. Os nemédios são orgulhosos, arrogantes e reclamam para si o poderio e o centro da cultura e da civilização hiboriana.


Eles foram outrora poderosos e com o tempo estão perdendo seu espaço e sua hegemonia para o reino mais jovem a oeste, a Aquilônia, sendo aqueles que mais enfatizam a cultura hiboriana civilizada entre todos os seus irmãos do Ocidente do Continente.


Eles reclamam para si territórios aquilônios e esperam o aumento dos conflitos civis e feudais no reino ao lado para iniciarem uma nova guerra de conquista contra a Aquilônia. Os nemédios são nobiliários acima de tudo, muito civilizados e se parecem também com povos germânicos-latinos, tal como ocorreu na Idade Média Europeia com o Sacro-Império Romano Germânico, compreendendo a Alemanha de nosso mapa europeu, podendo ter aspectos culturais até do Império Bizantino do medievo.

O povo é alto, com variações de cabelos e olhos mais claros e pele igualmente clara. Eles se dividem em uma hierarquia rígida, que vai do nobre, com os títulos clássicos nobiliários (rei, príncipe, conde, barão, cavaleiro), passando pelos administradores patrícios e prefeitos, pelos artesãos e mercadores, pelos oficiais militares, pelos plebeus ou soldados, pelos camponeses servos dos feudos, pelos mendigos, os bandoleiros, ladrões e escravos.

Arus, sacerdote do deus Mitra (arte de Walt Simonson).

Eles se gabam de serem os mais civilizados dos hiborianos e de terem “Escolas de Filósofos” no reino, possuindo uma visão religiosa mais liberal que a Aquilônia, visto que adoram Mitra, mas podendo ter templos também de Ibis, bem como da Ishitar shemita e o deus estígio Pai-Set, o que é motivo de disputa com os sacerdotes de Mitra da Aquilônia, que não aceitam toda essa liberdade religiosa.


Belverus, apesar de ter sido outrora o local de um forte hiboriano é talvez a cidade mais esplendorosa do ocidente, podendo ser uma espécie de Paris/Berlim quase da Idade Moderna do período hiboriano.


O reino é organizado rigidamente pela lei e possui uma Inquisição para crimes diversos, possuindo a prática da escravidão por dívidas, ainda que os escravos sejam melhores tratados do que em outros reinos, existindo leis contra abusos de senhores contra essas pessoas.


O “Trono do Dragão” é ocupado pelo rei Nimed (ou Numa, no caso da época em que Conan é rei) e ele conta com uma “Escola de Guerra” em Belverus para treinar sua Infantaria Ligeira e sua Cavalaria Pesada, sendo que a experiência é um pré-requisito para a batalha. As “Crônicas da Nemédia” seriam o principal compêndio de crônicas históricas da Era Hiboriana e seus escribas nemédios são conhecidos pela retidão e veracidade, não exaltando em demasia até mesmo o reino.

Em breve, parte 2.

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