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Raças e Culturas da Era Hiboriana - PARTE V | Cimérios

Os cimérios são a raça ficitícia que Howard escolheu para seu protagonista hiboriano mais famoso: Conan, o cimério


por Marco A. Collares

Parte V


Importante que esse texto não está referendado apenas nos escritos de Robert Howard, mas também em outras fontes, então não se trata de um texto purista. Muito do que seguem nas linhas foi retirado também do Gurps Conan e deve ser pensado a partir do que foi escrito neste livro.


VÍDEO | CIMÉRIA - Poema escrito por Robert Howard em 1931, traduzido por Patrice Louinet.


Howard declara em "A Era Hiboriana" que "os Gaels, ancestrais dos irlandeses e Escoceses das Terras Altas, descendiam de clãs cimérios de sangue puro". Ele correlaciona os Cimérios aos povos Cymric, Cimbros, Gimirrai, Citas, Cimérios e Criméia. Geograficamente localizada sobre a moderna Irlanda, Escócia e Inglaterra (já que durante o cataclismo que marcaria o fim da dita Era Hiboriana), Cimmeria é dito que a ciméria (de acordo com o ensaio "A Era Hiboriana" de Robert E. Howard) teria afundada parcialmente, cercada pelo que seria o Mar do Norte, com suas montanhas se deslocando para as Ilhas Britânicas. O nome é derivado das lendas gregas de um povo do norte que viveu em perpétua névoa e escuridão perto da Terra dos Mortos. (Texto extraído da obra “A Filosofia em Conan”, baseado nos relatos de Robert Howard e em estudos sobre o autor e seu universo ficcional).


Nação de tribos bárbaras situada ao norte da Aquilônia e separada dela pelos Pântanos Bossonianos e por Gunderlândia. Os Sertões Pictos estão a oeste da Ciméria, e, ao norte, seu acesso para Vanaheim e Aesgaard está bloqueado pelos Montes Eiglophianos. Terra natal de Conan, a Ciméria era uma região perenemente sombria, com "todas as colinas, recobertas de bosques negros, sob céus quase sempre cinzentos, e açoitadas pelo lamento de ventos que inundavam seus vales". O povo tinha descendência direta dos atlantes desaparecidos. Eram altos e fortes, com cabelos negros e olhos azuis ou acinzentados. Está registrado que as tribos cimérias já existiam na época da Atlântida, e que seus membros se casaram com colonos atlantes do Continente Thuriano antes do cataclismo. Cimérios contemporâneos a Conan se encontravam ainda, no estágio da caça e coleta, vivendo em aldeias mergulhadas no interior de florestas úmidas. O povo usava armas de ferro, e emprestava do sul outro metais de culturas mais elevadas. O principal deus dos cimérios era Crom, que pouco se interessava pelas questões humanas. Conan foi um cimério ousado, um dos poucos que se aventurou a deixar as terras encharcadas, e, segundo a saga, nenhum outro membro de sua raça viveu entre as nações avançadas. Quinhentos anos após a Era de Conan, os cimérios ainda se encontravam isolados em sua antiga terra, e lá permaneceram, mesmo quando as ondas invasoras hyrkanianas contra os reinos hiborianos não conseguiram subjugar os ferozes defensores das planícies cimérias. Somente a grande avalanche de Nordheim, decorrente das glaciações, terminou deslocando os bárbaros de cabelos negros para o leste, rumo aos litorais sudoestes do Vilayet. (Robert Howard - Nações Hiborianas, extraído do site Crônicas da Ciméria).


Pouco se sabe sobre a Ciméria, terra do personagem bárbaro conhecido como Conan. Sabemos, no entanto, que se trata de uma terra melancólica, com montanhas elevadas e ventos gelados cortantes, tal como citado no poema escrito por Robert Howard e elencado mais acima.


Os cimérios tem uma origem bárbara e eles são descendentes dos atlantes que, certo dia, ainda antes do grande cataclisma, criaram uma colônia no continente Thuriano. Mesmo assim, a maior parte dos cimérios não possui qualquer conhecimento desta ancestralidade imponente, sendo comum que alguns sábios hiborianos façam tal relação sobre a raça ciméria, sem ter uma dada certeza sobre o assunto, ainda que isso seja também do conhecimento de poucos. Os cimérios, apesar de bárbaros, possuem a arte da fundição de minérios, diferentemente dos pictos, seus inimigos ancestrais, que sabem apenas a arte de lidar com pedra polida e lascada. A forma de agir dos cimérios relaciona-se não somente com sua origem obrigatoriamente bárbara, mas também com importância da palavra proferida, sendo comum que os cimérios sempre cumpram com o que prometem, apesar de serem teimosos em fazer o que os outros querem que eles façam.


Vivem em tribos ou clãs independentes (podendo ser usada as duas nomenclaturas) e dificilmente se unem para formar uma grande confederação, mantendo guerras endêmicas e fratricidas na maior parte do tempo de sua história. Em alguns momentos específicos, eles podem até se unir, principalmente em casos de invasões estrangeiras a sua terra.

A tomada de Venarium - Chris Quilliams

Tal união momentânea ocorreu no caso do famoso Saque de Venarium, quando Conan tinha entre 15 a 18 anos de idade. No episódio em questão, os hiborianos gunderlandenses haviam feito um forte, chamado Venarium, nas fronteiras mais ao sul da Ciméria, invadindo o território destes imponentes bárbaros.


Os cimérios executaram então o ritual da “Lança Sangrenta” e então se uniram na Rocha Ereta dos Campos dos Chefes, formando uma vaga poderosa e selvagem de bárbaros que logo decidiu atacar implacavelmente o forte hiboriano. Na ocasião, eles mataram a maior parte dos guerreiros civilizados que viviam e protegiam o forte. A mensagem dos que sobraram e fugiram se mesclou nas epopeias dos bardos hiborianos, de que os homens civilizados deveriam ficar longe das terras cimérias.


Não somente os hiborianos da Gunderlândia ou mesmo os selvagens pictos são os inimigos históricos dos cimérios, sendo também os vanires nordheim e os hiperbóreos. Estes dois grupos são sumariamente exterminados pelos cimérios em combates cruéis, sendo que os segundos são conhecidos pelas práticas odiosas entre os bárbaros de escravização.

Conan enfrentando os pictos. Arte de Timothy Truman.

Como já mencionado, os pictos também são inimigos implacáveis dos cimérios, uma inimizade relacionada a amplos ressentimentos históricos provenientes de séculos e séculos de combates e escaramuças pelos ermos do oeste continental.


Os aesires, por sua vez, também provenientes da parte norte do continente, são considerados muitas vezes aliados dos cimérios, apesar de alguns embates ocorrer entre os dois grupos, muito mais como um esporte viril entre bárbaros do que um ódio histórico ou mesmo por contendas vinculadas a guerras de conquista ou de domínios de terras, tal como ocorre nos outros casos citados.

As frias montanhas eiglophianas, que fazem fronteira com a terra dos nordheim.

A Ciméria é, portanto, uma terra fria, gélida e com um vento cortante que constantemente chega da região norte, passando pelos seus vales e estreitos entre paredões de pedras arenosas e altas montanhas com cumes gelados. Várias cadeias dessas montanhas ladeadas por ribanceiras e riachos são vistas pela região, sendo as mais famosas as Montanhas Eiglophianas, localizadas nas fronteiras do extremo norte, entre a Ciméria e Nordheim. Lobos selvagens, ursos pardos, ursos brancos e cabritos montês fazem parte da fauna da região e tal como ocorre no extremo norte, o ambiente cimério é extremamente hostil, fazendo com que os bárbaros sejam uma raça viril, forte e com mais resistência física do que os hiborianos de forma geral.


Não há como impedir um cimério de fazer aquilo que deseja e muitos deles são vistos escalando as montanhas mais elevadas com as próprias mãos, seja para chegarem ao Monte Crom, onde são enterrados seus famosos mortos e valentes e líderes, seja para vislumbrar a Pedra Negra nos Campos dos Chefes, na região nordeste.

Ilustração: Nordheimer

Os cimérios são altos e fortes, de cabelos negros e olhos cinzas ou azuis cristalinos, podendo ter a pele facilmente bronzeada quando vagam pelo sul mais quente de sol constante, ainda que seja extremamente incomum vislumbrar um cimério fora de sua terra natal, devido ao caráter nativista de suas personalidades arredias.


Homens e mulheres, jovens ou velhos podem ser exímios guerreiros e os cimérios não possuem qualquer preconceito com aqueles que vergam espadas para defender suas terras, famílias e/ou clãs. Aliás, é raro um cimério chegar a velhice e quando chega nessa situação, tal sujeito é respeitado pela sua capacidade de sobrevivência em meio às guerras endêmicas de sua raça e cultura, além de aguentarem viver em seu ambiente extremamente hostil.


As tribos ou clãs cimérios possuem nomes específicos e seus indivíduos podem diferir culturalmente e até fenotipicamente uns dos outros. Os canach tem rostos fortes, os murrough possuem queixos que se sobressaem, os tunog tem uma testa elevada, os raeda têm narizes aquilinos alongados, os lasheicesh raspam suas têmporas e os galla são selvagens e usam um topete em crina.

Um Cimério, por Alavaro Castro Cavaleiro.

Os cimérios são retos, diretos, e não gostam de floreios ou de se vangloriar sobre seus feitos guerreiros, visto que matar em combate, para eles, é um modo de vida. Eles são considerados adultos por volta de 16 anos, depois de vencerem e matarem alguém em batalha. Eles consideram a cortesia importante no trato social, visto que falar o que não se deve pode levar a uma luta de vida e morte. Os chefes de guerra lideram as tribos, sendo estes chefes algum ancião e/ou o mais competente guerreiro do grupo. O ritual da Lança de Sangue é muito famoso entre os cimérios. Quando um grupo de cimérios se torna assassino e ataca os clãs locais, a lança é enviada a todos os grupos com o sangue de algum dos membros assassinos e salteadores em questão. Isso faz com que todos os cimérios se unam para caçar e capturar aquele grupo.


Quando se trata de uma invasão de algum povo ou nação de fora, o grupo que primeiramente vislumbrou ou tomou conhecimento da referida invasão envia a lança com o sangue de seus próprios guerreiros. Logo, todos os clãs vão fazendo o mesmo, até que todos se juntem na campanha contra os invasores. Foi o que ocorreu em Venarium, a última vez que os cimérios se uniram de tal forma.


Os cimérios não possuem uma escrita para sua língua rústica e cheia de consoantes guturais e eles não possuem organização militar civilizada, usando táticas de resistência acima da média que lhes concede vantagens nos combates em massa, quando reunidos e defendendo suas terras.

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